29 agosto 2011

Presta atenção

O Gonçalo partiu fora do combinado há alguns meses. E até agora eu não tinha falado disso porque não sabia o que falar. Perder um amigo é algo que “dói a ponto de não dar para respirar”. Aí há alguns dias eu conheci a Dona Jussara, mãe do Gonçalo. E foi ela que encontrou palavras para o que eu achava que não tinha explicação:

 “Às vezes dói a ponto de não dar para respirar. Mas é assim que a gente sobrevive. Você começa de novo todo dia. E de novo. E outra vez no dia seguinte. E sempre, todas às vezes, o mesmo sentimento te deixa sem ar. É uma porteira que reparte o coração entre a saudade e a vontade de continuar vivendo”.

Conversar com a Dona Jussara abriu algumas porteiras no meu coração... Da mesma forma que há quatro anos, no meio de outro redemoinho, o filho dela abriu uma porteira enorme e deixou passar tanto carinho e tanta paciência, que hoje eu faria de tudo para ter só um bocadinho dele aqui perto da gente. E aí eu passei as duas últimas semanas matutando o último pedacinho da minha conversa com a Dona Jussara:

"a vida não é curta do jeito que o povo fala, viu menina? A vida é longa... mas ela é rápida. E passa! Presta atenção porque daqui a pouco não dá mais prá voltar e fazer de novo."

Bom seria aprender isso de um jeito mais fácil. Mas como o Gonçalo mesmo vivia perguntando: "por que é que você insiste em fazer tudo do jeito mais difícil?". Vai saber... “Mas é assim que a gente sobrevive. Você começa de novo todo dia.”

......

"A porteira é a fronteira que meu coração reparte
(...) Vou rezar só pra que o vento nunca vire tempestade
(...) Não vou lutar contra o que me faz feliz
Eu sou assim mesmo... Meu coração está do lado de lá da porteira"







Um comentário: